Pandemia, protestos, medo, indignação, tristeza, ansiedade… Quando vemos as notícias damos de cara com um cenário cheio de desafios e sem prazo para terminar. Desse jeito não dá pra ser feliz… Ou será que dá? A busca pela felicidade sempre foi constante na história humana. Filosofia, religião, auto-ajuda e outras abordagens têm tentado entender temas como o bem-estar e a felicidade e como poderiam ser alcançadas. Recentemente vem sendo desenvolvida uma abordagem científica para estas e outras perguntas tão importantes para todos nós: com a palavra, a Psicologia Positiva.

Também conhecida por psicologia da felicidade, a Psicologia Positiva começou a ser desenvolvida a partir de 1998 pelo psicólogo americano Martin Seligman. Seu objetivo é estudar as forças e virtudes que permitem aos indivíduos, organizações e comunidades a atingir seu desenvolvimento pleno. Esta teoria entende que as pessoas querem levar uma vida feliz e produtiva, e descreve os fatores relacionados à busca pela felicidade. O fator genético corresponde a 50% da nossa sensação de bem-estar. As circunstâncias (como ganhar na loteria, perder o emprego ou uma pandemia) respondem apenas por 10% e representam um impacto provisório e não permanente, como acreditávamos. A grande sacada da Psicologia Positiva foi propor que as atividades intencionais, como pensamentos e comportamentos, respondem por 40% para a felicidade das pessoas. Simplificando: se não podemos transformar a realidade, podemos transformar a nós mesmos, desenvolvendo uma maneira diferente de pensar e uma outra atitude, mais positiva, em relação à realidade.

Positivo x Negativo

A mentalidade, ou mindset em inglês, não é hereditária, tampouco definitiva, mas é desenvolvida ao longo da vida. Muitas pessoas, por conta de suas experiências pessoais, desenvolveram um mindset negativo, onde sentimentos, emoções e pensamentos negativos predominam. É como estar em um turbilhão de frustração, irritação, impaciência, preocupação, culpa, raiva, insegurança, medo, impotência, numa trajetória descendente de fracasso e impotência. Na sequência nos sentimos vítimas de uma situação maior que nós, infelizes e incapazes de alterar nossa situação ou nosso lugar no mundo. Porém, se aprendemos uma mentalidade negativa também podemos desenvolver uma mentalidade positiva. A ideia é equilibrar aqueles sentimentos negativos com sentimentos como gratidão, otimismo, esperança, resiliência, coragem, amor e outros.

Na prática, como podemos sair daquela “armadilha” de emoções negativas? Em primeiro lugar, olhar a realidade de uma maneira diferente, reconhecer tanto as coisas boas quanto as coisas ruins que estão acontecendo. O psicólogo Helder Kamei lista alguns desses benefícios (sim, a pandemia também trouxe benefícios). A diminuição do stress e a desaceleração do ritmo desenfreado de trabalho são algumas dessas consequências positivas. Muitas pessoas estão dedicando mais tempo à família e aprendendo a cuidar melhor de sua saúde física e mental. Também estão aproveitando para desenvolver novos projetos profissionais e pessoais, assim como desenvolver atividades de solidariedade, de ajuda ao próximo. Reconhecer as coisas boas que estão acontecendo proporciona emoções positivas como a gratidão e a esperança.

Também precisamos aceitar o fato de que não controlamos tudo que está à nossa volta. A aceitação de que certos acontecimentos escapam do nosso controle nos traz alívio e tranquilidade. Ao invés de colocar o medo e a ansiedade no que não podemos mudar, utilizamos forças como inspiração, curiosidade e criatividade naquilo que está ao nosso alcance, as coisas que podemos – e devemos – transformar. O mindset positivo é terreno para realizar projetos, aprendizagens, otimismo e apreciação pelas coisas boas que podem acontecer. Estamos criando espaço para o bem-estar, o otimismo e a felicidade. Em resumo, as emoções positivas ajudam a criar um repertório de pensamentos e ações para responder a situações que se apresentam e oferecem suporte para melhorar os recursos pessoais, em um movimento ascendente de sucesso e autorrealização.

Se entendermos que os desafios, apesar de sérios, são provisórios, podemos decidir agora o que vamos ser quando tudo isso passar: vítimas do destino ou sujeitos de nossas próprias vidas, em um caminho – ainda que tortuoso, de aprendizagem e desenvolvimento. Estas são algumas escolhas que estão ao nosso alcance. E então? Preparados para decidir?

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